Facebook Remove Página de Rastreamento de Ações do ICE

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Nesta terça-feira, 14 de outubro de 2025, o Facebook removeu uma página dedicada ao rastreamento de ações da Imigração e Fiscalização Alfandegária (ICE) em Chicago. A decisão ocorreu após uma intervenção direta do Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ), reacendendo debates sobre a complexa relação entre plataformas de tecnologia e o governo na moderação de conteúdo sensível.

A Procuradora-Geral Pam Bondi anunciou no X (antigo Twitter) na terça-feira que o Facebook havia derrubado uma “grande página de grupo não nomeada” que estava sendo utilizada para expor dados pessoais (“doxxing”) e alvejar agentes do ICE, após um contato direto do DOJ. Andy Stone, porta-voz da Meta, empresa-mãe do Facebook, confirmou a remoção do grupo – também sem identificá-lo explicitamente – citando a violação das políticas da empresa contra “danos coordenados”. Este evento segue precedentes notáveis, com a Apple e o Google já tendo bloqueado aplicativos de rastreamento do ICE após exigências governamentais similares.

Facebook Remove Página de Rastreamento de Ações do ICE

Embora o Departamento de Justiça tenha se recusado a fornecer detalhes adicionais além da publicação de Bondi, e o ICE não tenha respondido imediatamente a solicitações de comentário sobre a existência de ameaças credíveis específicas contra seus agentes na página, o episódio ganhou maior visibilidade após a influenciadora de direita Laura Loomer relatar sobre um grupo do Facebook denominado “ICE Sighting- Chicagoland”. Loomer alegou que a página fornecia atualizações sobre operações do ICE e as localizações de agentes na área de Chicago. Ela afirmou ter sido informada por uma fonte do DOJ que a agência havia tomado conhecimento de sua postagem e entrado em contato com a Meta sobre a existência de tais páginas.

O surgimento dessas ferramentas e grupos comunitários ganhou força em um período de intensificação da fiscalização imigratória em todo o país, especialmente durante a administração do ex-presidente Donald Trump, que empregou táticas mais agressivas como batidas em locais de trabalho. Um exemplo notório é o aplicativo “ICEBlock”, que permitia a usuários reportar anonimamente avistamentos do ICE e ascendeu às primeiras posições na loja de aplicativos da Apple. No entanto, foi subsequentemente removido da plataforma da Apple também após contato do DOJ, com Bondi alegando que ele era “projetado para colocar agentes do ICE em risco simplesmente por fazerem seus trabalhos”. Joshua Aaron, o desenvolvedor do ICEBlock, negou veementemente essa acusação à Fox News Digital, descrevendo como “patentemente falso” que o aplicativo visasse prejudicar os oficiais da lei.

‘Jawboning’ e o Debate sobre a Pressão Governamental

Ainda que empresas do setor privado, como Apple e Meta, possuam, em geral, o direito legal de remover grupos ou aplicativos conforme seus próprios critérios, a declaração da Procuradora-Geral Bondi suscita importantes questões sobre a possibilidade de o governo ter se envolvido em “jawboning” ilegal. Este termo descreve a prática de exercer pressão indevida sobre atores privados para que removam discursos que, de outra forma, seriam legítimos e legais. A natureza exata das comunicações entre o DOJ e as plataformas não foi totalmente esclarecida, nem se a Meta teria chegado à mesma decisão de remoção independentemente da intervenção governamental. Contudo, é um fato que a administração federal tem sugerido que uma ampla gama de discursos poderia ser interpretada como apoio ao terrorismo doméstico, prometendo rigor na sua repressão. A compreensão dos cidadãos sobre o papel e as interações do Departamento de Justiça dos EUA nesses contextos é fundamental.

A relevância deste incidente é ainda mais acentuada pelo fato de o ex-presidente Donald Trump e outros republicanos terem repetidamente caracterizado a comunicação da administração Biden com plataformas de tecnologia, relativa à desinformação sobre a COVID-19 e as eleições, como “censura”. Eles criticaram fortemente o papel do governo em sinalizar postagens que consideravam prejudiciais ao engajamento eleitoral ou à saúde pública. Advogados-gerais conservadores de diversos estados chegaram a processar a administração em um caso que foi parar na Suprema Corte, mas que não conseguiu estabelecer um vínculo concreto entre as decisões de remoção das plataformas e as comunicações governamentais com os executivos da tecnologia.

Facebook Remove Página de Rastreamento de Ações do ICE - Imagem do artigo original

Imagem: Cath Virginia via theverge.com

Impacto de Ferramentas de Rastreamento na Violência contra o ICE

Em relação às preocupações com a segurança dos agentes, há pouca evidência direta que demonstre uma ligação clara entre as ferramentas de rastreamento do ICE e o aumento de atos de violência. A administração do ex-presidente Donald Trump havia intensificado a pressão após alegar que um atirador em um escritório de campo em Dallas, em setembro, teria feito uso de aplicativos de rastreamento. Contudo, o papel exato desses aplicativos no ataque – que resultou na morte de dois detentos, sem baixas entre os agentes do ICE – permaneceu incerto. É um fato que agentes do ICE têm vivenciado mais agressões à medida que sua presença em comunidades americanas aumentou. Todavia, um relatório recente da Rádio Pública Nacional (NPR) concluiu que o grau dessas agressões é substancialmente inferior ao que o governo havia anteriormente divulgado.

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A remoção da página de rastreamento do ICE pelo Facebook, motivada pelo Departamento de Justiça, configura mais um capítulo complexo na relação intrincada entre grandes empresas de tecnologia, o governo e os direitos de liberdade de expressão, com evidentes ramificações para a vigilância civil e o futuro da moderação de conteúdo online. Mantenha-se informado sobre esses e outros desenvolvimentos acompanhando nossa editoria de Política.

Crédito da imagem: Cath Virginia / The Verge


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